
A obra-prima ‘O Pintassilgo’*,
da norte americana Donna Tartt, é uma raridade literária moderna, estando a
autora, para a literatura atual, como George Gershwin está para a música
clássica contemporânea. A rigor, um clássico moderno. E consagrado por colegas escritores
e pela nata da crítica literária internacional.
Como ‘O Pintassilgo’, há
livros que nos fazem imergir em suas linhas e entrelinhas, impactando-nos
imensamente com a criação de certa dependência da leitura enquanto não
terminada. Comigo aconteceu com ‘O Vermelho e o Negro’, de Stendhal, ‘Servidão
Humana’, de W. Somerset Maugham, ‘Crime e Castigo’, de Dostoiévski, ‘Os Pilares da Terra’, de Ken Follet, ‘A
Catedral do Mar’, de Ildefonso Falcones, ‘Ana-não’, de Agostin Gomes Arcos, entre
outros.
Mas o livro de Tartt é insuperável no seu envolvimento emocional,
levando-nos, como sempre acontece com as obras-primas, a escrever mentalmente
para o autor o que virá a seguir, segundo gostaríamos. E somos sempre
surpreendidos por viradas espetaculares de situações, por refluxos de emoções e
pela magistral criatividade aliada ao conhecimento técnico do que está sendo abordado.
Em “O Pintassilgo” o leitor faz viagens incríveis pelo mundo da pintura, da restauração e do
mobiliário clássico, das drogas e do álcool, da alta e baixa Nova Iorque, do
desmoronamento de famílias, do amor e das amizades sinceras. Tudo na
contemporaneidade de e-mails e celulares, banhado pelo medo, solidão, traição,
profundo amor inconsciente, confiança mútua e separações. Uma leitura como num
filme de suspense – por suas impecáveis descrições -, onde o leitor navega por
caminhos tortuosos e retos, altos e baixos, numa permanente viagem de montanha
russa.

Em ‘O
pintassilgo', Donna Tartt não se limita a contar esta história com grande
qualidade literária, como por exemplo, a descrição de uma chuva torrencial ambientando
uma cena no começo da obra que faz o leitor sentir-se inteiramente molhado. Mas, ela
também nos leva a incríveis reflexões sobre a vida, a sociedade, as trocas e
perdas, o amor e a família. Enfim, “é uma hipnotizante história de perda,
obsessão e sobrevivência; um triunfo da prosa contemporânea que explora com
rara sensibilidade as cruéis maquinações do destino.”
*‘O
Pintassilgo’ (The Goldfinch) é o nome de uma obra rara do pintor holandês Carel
Fabritius (1654), discípulo de
Rembrandt e mestre de Vermeer.
**O
livro foi vencedor do Prêmio Pulitzer de 2014, categoria Ficção.
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