Além do óbvio, pouquíssimos
livros condensam em seu título o conteúdo da obra. A genialidade literária do escritor
e jornalista alagoano Graciliano Ramos consegue esta proeza em sua obra máxima Vidas Secas.
Apesar de um modernista da
linhagem documental, até pelo fato de ser efetivamente um jornalista, criou
esta obra que o coloca dentre os mais expressionistas escritores a retratar o
sertão como Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto e José Lins do Rêgo. Vidas Secas é um redemoinho da vida no
pleno sertão nordestino brasileiro: não adianta tentar escapar da secura de
tudo, pois a roda viva do destino conduz todos para a espreita da morte.
Cena do filme de Nelson Pereira dos Santos |
Chega finalmente a chuva e com
ela o dono da casa que é também o titular do armazém da cidadezinha próxima.
Fazem um acordo e a família passa a trabalhar para o novo patrão em troca de
moradia. Em meio às brincadeiras dos meninos e da Baleia ocorrem as encrencas
do pai na cidade, com jogo, bebedeiras, prisão e quermesse. E, entrementes,
Fabiano descobre que está sendo fraudado pelo patrão. Depara-se também,
admirado, com a inteligência da sofrida mulher. Demitido por reclamar da
extorsão, voltam à jornada retirante pelo sertão à procura de nova
oportunidade.
Baleia e o Menino mais Novo |
Dos doze capítulos, Graciliano dedica cinco à família; um capítulo a cada membro. Provavelmente a mais emocionante passagem seja o capítulo inteiro dedicado à morte da cadela Baleia. E o remorso que marca o restante do livro. Na realidade, cada capítulo da obra pode até ser lido separadamente, pois Graciliano os escreveu como se fossem contos – a assim publicou alguns deles no “O Jornal” carioca, dando origem ao livro.
Graciliano Ramos e sua obra máxima |
Valdemir Martins
30/11/2018
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PS: A Editora Record acaba de lançar uma belíssima edição comemorativa
dos 80 anos da obra, em capa dura, além do texto integral e um fac-símile do
manuscrito original com as emendas e correções de próprio punho do autor.
Sou apaixonado por Vidas Secas de Graciliano Ramos. Realmente uma obra prima da literatura brasileira.
ResponderExcluirSem dúvidas. Obrigado pela leitura e comentário.
ExcluirCaso queira seguir o blog, clique no link superior à direita. Obrigado
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