O alarido difundido pela
Companhia com o livro O Sol na Cabeça, do novato e morador carioca
Geovani Martins, abarcou até seis páginas de Jeronimo Teixeira na Veja,
rasgando o verbo pra elogiar o garoto. Botaram até frases do Moreira Salles e
do Chico Buarque como se um deus tivesse nascido, papo reto. Resolvi comprar o
bagulho e o li, inteiro, num só tranco, neste domingo.
Assim como Rachel, Graciliano e
João Cabral nos desvendaram os sertões nordestinos, Geovani escancara-nos os
morros do Rio de Janeiro, despejando através de sua impiedosa e surpreendente
escrita, o ambiente, a realidade e a vida da molecada, dos adolescentes e de
suas famílias nas favelas. E de forma magnífica, revela as realidades
acobertadas nas frequentes matérias da imprensa e jamais registradas pelo
público leitor, ouvinte ou telespectador. Nada lhe escapa – o narcotráfico, os
nóias, a polícia corrupta, a macumbeira, os evangélicos, a inocência, a violência,
o amor, as drogas (todas), a linda borboleta, a família, as novinhas, a amizade, a
penúria, o trabalho, a escola – pois ele é fruto desse reino.


Geovani está longe ainda de Machado, Graciliano, Rachel e Cabral, mas tem tudo para ser mais um
grande escritor brasileiro: talento, sensibilidade; conta com o apoio de uma
excelente editora e, agora, o ambiente carioca em ebulição envolvendo integral
e diretamente os morros cariocas, palco e manancial dos dramas e das histórias para
novos trabalhos do autor.
Sob a influência da escrita do
autor desatei a escrever este artigo. E assim, mano, acabei usando expressões
por ele ditas pro bonde.
Valdemir Martins
12/03/2018.