O consagrado escritor norte-americano Scott Turow pressentiu no
jovem Raphael Montes uma promessa
brasileira como grande escritor de policiais, após ler Suicidas, obra de estreia do novo talento, em 2011. Montes, então,
veio evoluindo a cada obra tornando-se também um escritor policial e de
suspense de sucesso em terras brasileiras.
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Scott Turow
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Em seu romance Dias Perfeitos, de 2014, - uma história de amor obsessivo - tudo começa muito ameno, comum e óbvio.
Aos poucos cresce torna-se grudento e você não consegue parar de ler para saber
até onde pode chegar um ato de louca paixão. Nesta obra bem estruturada, percebe-se
claramente que Montes ainda procura por uma linguagem literária mais
consistente para marcar seu estilo. Porém seu enredo é estonteante,
surpreendente a cada página.
Aqui ele demonstra – desde cedo – sua capacidade de esmiuçar
uma mente doentia e de explorar dosada e adequadamente sua psique. Numa
história vibrante, dinâmica, as peripécias do protagonista nos gratificam com
reviravoltas surpreendentes, situações inacreditáveis. Algumas poucas até
forçadas ou improváveis, o que demonstra o autor ainda em fase de
amadurecimento. Um final morno, como no início, pode até decepcionar alguns
leitores.
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Ilha Grande
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Mas, é espantoso o nível de crescimento do enredo e
envolvimento proporcionados por Montes, chegando a um ápice de loucura e
situações macabras, escatológicas e de terror dignas de Clive Barker e Stephen
King, neste, lembrando a obra Misery.
O inteligente e paranoico protagonista parece-nos às vezes um parvo a sonhar
grandiosidades e felicidades pretensamente impossíveis. Mas caindo na realidade
das situações bastante criativas do autor, apresenta-se mais como um frio macho
assexuado e um personagem sombrio com fortes indícios de psicopatia.
O que parecia um inconsequente encontro casual num churrasco
de conhecidos num domingo transforma-se no pesadelo brutal para os dois
protagonistas de almas atormentadas e para todos os personagens principais da
obra. E, claro, para os felizardos leitores que escolheram ler Dias Perfeitos.
O livro já ganhou o mundo sendo comercializado para catorze
países e os direitos da obra foram vendidos para o cinema, em produção nacional
a ser dirigida por Daniel Filho.
Valdemir Martins
27.10.2020
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