Pesquisar este blog

23 de fev. de 2022

Onde estão as Flores?

Um autor praticamente desconhecido por aqui, traz-nos um depoimento maiúsculo em seu romance de estreia, um testemunho das verdades humanas, seja na bondade, seja na crueldade. Ilko Minev, nascido búlgaro, mas brasileiro de coração, escreveu “Onde estão as flores? para relatar como seus patrícios perderam a família e os amigos para o totalitarismo e como se conseguir constituir nova família, repondo inúmeros amigos em uma nova vida.

Num  prólogo estonteante, Minev apresenta-nos uma lição de boa velhice junto aos seres amados, cuidando de não perder sua individualidade, seu espaço e todo amor e afeto por tudo e por todos que gosta. Assim, mostrando seu caráter, introduz-nos neste romance que em muito se assemelha (e se confunde) com sua própria biografia; uma vida sofrida, surpreendente e empolgante, onde com muita luta, paciência, bondade e lucidez, sobreviveu aos horrores da Segunda Guerra na Europa Oriental, recomeçando a vida no meio da Amazônia, após uma terrível e dramática travessia do Atlântico.

Suas memórias ajudam-nos a entender o conflito mundial sob o ponto de vista de pessoas em uma época onde a comunicação era lenta ou inexistente, portanto com conceitos e expectativas jamais contadas por historiadores. Como o protagonista desta história, milhões de pessoas pela Europa tentaram ou conseguiram fugir para a liberdade e a vida em outras nações pelo mundo.

Um livro de fácil e agradável leitura que nos possibilita aprender detalhes importantes também da história brasileira, em especial na região amazônica. Fala-se sobre economia, história, política e problemas sociais. Fala-se da família, dos valores da amizade e da credibilidade. Enfim, um romance leve, gostoso de ler, como se fosse uma coletânea de crônicas sobre o tempo. Vale à pena conhecer Ilko Minev.

O título da obra é inspirado na canção “Where have all the flowers gone?” (https://www.youtube.com/watch?v=kveooWmqqr8), citada na obra e  eternizada pela atriz e cantora alemã Marlene Dietrich que virou uma espécie de hino contra as guerras, especialmente nos anos 1960 e perante toda a problemática do Vietnã. Trata-se de uma canção folclórica estadunidense composta por Pete Seeger e Joe Hickerson em 1961. Fez muito sucesso nas vozes de Dietrich, principalmente, e de Johnny Rivers, Harry Belafonte, Peter, Paul & Mary e Joan Baez, todos ícones da época.

Valdemir Martins

02.02.2022

Fotos: 1. Capa do livro; 2. Localização da Bulgária; 3. Manaus em 1945; 4. Pau-rosa; 5. Ilko Minev.

*** Se você gostou deste comentário, siga-nos. Basta clicar em "Seguir" no lado superior direito do blog. Muito obrigado!