Nascida em Gana e criada nos
Estados Unidos, a jovem Gyasi tornou-se um dos nomes mais comentados na cena
literária norte-americana em 2016. Este seu romance recebeu resenhas estreladas
dos mais importantes jornais e revistas daquele país, alcançou a disputada lista
dos mais vendidos do The New York Times, foi incluído na prestigiosa lista dos
100 livros notáveis do ano do mesmo jornal e conquistou o prêmio PEN/Hemingway
de melhor romance de estreia.
Com uma narrativa poderosa e envolvente que começa no século XVIII, numa tribo africana, e vai até os Estados Unidos dos dias de hoje, Gyasi apresenta-nos, de forma bastante realista, as consequências da captura principalmente de jovens ganeses e do respectivo comércio de escravos dos dois lados do Atlântico ao acompanhar a trajetória de duas meias-irmãs desconhecidas uma da outra, e das gerações seguintes dessa linhagem separada pela escravidão.As narrações das aldeias e famílias ganesas são muito cativantes, criativas e comoventes. Levam-nos aos ambientes caseiros e comunitários das tribos, suas lutas, paixões, traições e tragédias; sonhos e costumes. Já as narrações dos dramas vividos nas prisões e junto às hostes dos comerciantes e seus mancomunados agentes europeus são na maioria bastante chocantes.
Tudo isso depois é transposto para as fazendas norte-americanas onde os suplícios se acentuam de forma bastante trágica. A trama nos é contada de forma dinâmica e num ritmo denso o suficiente para absorvermos a grande quantidade de personagens diversificados, sem perder seus liames.
E, de emoção seguida de
emoção, sete gerações são envolvidas numa grande obra que reflete os
sofrimentos e alegrias de incomensurável número de pessoas que tiveram suas
origens na África e foram dispersas em vidas sofridas, heroicas e até bem sucedidas
por todas as Américas.
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Valdemir Martins
31.03.2023
Fotos: 1. Capa do livro:; 2. Aldeia típica; 3. A captura; 4. Símbolo de lutas na América; 5. Os negros bem sucedidos; 6. Yaa Gyasi
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