Ato contínuo, vamos ingressar num texto com o DNA específico de McCarthy. Personagens das sombras infestam, então, o início da obra, seja em fantasias ou em realidades. O leitor deverá ter paciência e ir assimilando gradativamente a grandeza do texto que tem pela frente.
O
Passageiro narra a história de um
mergulhador de resgate, assombrado por perdas, solitário em meio a muitos
amigos, e que, perseguido por uma conspiração que não compreende, anseia por um
desfecho de vida mais aceitável do que tudo que já presenciou e conviveu.
Em trechos cruciais, passeia entre o sonho e o burlesco, flertando com a fantasia em imersões na psique de personagens fundamentais. Muitas vezes, inversamente a sequências de sua obra Meridiano de Sangue, a violência aqui é psicológica – e até filosófica - e terrivelmente perturbadora.
Uma obra difícil, com alguns diálogos técnicos aborrecidos, que demanda paciência e imensa curiosidade para, finalmente, desembarcar em satisfação após a miríade de locais, situações e personagens transpostas para saber a incrível história do protagonista Bobby Western.Um imenso poema moderno. Um livro
brilhante, cujo projeto ficará concluído com o
segundo livro deste díptico do Prêmio Pulitzer McCarthy: Stella Maris.
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Valdemir Martins
02.07.2023
Fotos: 1. capa do livro; 2. Mergulhadores profissionais; 3. Bar típico de Nova Orleans; 4. Port Sulphur; 5. Plataforma de petróleo na Bolívia; 6. Cormac McCarthy.