Cometemos erros. E felizes são aqueles que os percebem e podem corrigi-los a tempo de salvar alguma coisa. Ao iniciar a leitura de “É a Ales”, um dos grandes sucessos de Jon Fosse, fiquei irritado (gratuitamente) com suas repetições da mesma frase que abandonei a leitura. E ao ler uma crítica em um site português ao seu recente lançamento, empolguei-me em ler este maravilhoso Manhã e Noite. Salvei, assim, uma ótima leitura que fez-me bem à sensibilidade e à alma.
CONTRACAPA/Livros
A ideia é injetar novidades e revisitações. "A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, quase todas as pessoas não sentem esta sede." Carlos Drummond de Andrade
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14 de mar. de 2025
As simples emoções da Manhã e Noite.
19 de fev. de 2025
A rápida passagem dos Cem Anos de Solidão.

Os cem anos passam rapidamente
numa leitura extremamente aprazível em suas cerca de 450 páginas, escritas em dezoito meses (1965 a
1967). E a solidão saltitante de personagem em personagem demonstra e
registra sua presença tanto no poder como na labuta doméstica; tanto na ordem
quanto nos desmandos e arbitrariedades, tanto nos inimigos como nas amizades.
Possivelmente, além de beber nas
obras do mexicano Juan Rulfo – pai do Realismo Fantástico latino americano -,
Gabo tenha sofrido influências dos textos do chamado “teatro do absurdo”
produzidos pelo romeno Eugène Ionesco, pelo irlandês Samuel Beckett e pelo
francês Jean Genet. Além da fantasia, cenas com tratamento inusitado de
aspectos da vida dos personagens e da cidade são constantes nesta obra,
transcendendo o tempo de forma magistral.
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Valdemir Martins
28.01.2025
Fotos: 1. Capa do livro; 2. Um dos prováveis mapas da fictícia Macondo; 3. A imortal matriarca; 4. O revolucionário patriarca; 5. A incrível árvore genealógica; 6. As borboletas de um dos delírios de personagens; 7. O autor colombiano Gabo, Gabriel García Márquez.
29 de jan. de 2025
Salvar o Fogo com lirismo e magia.
Felizmente, para a literatura
brasileira e para nós, leitores, uma importante evolução literária de Itamar Vieira Junior pode ser
constatada ao se iniciar a leitura de sua mais recente obra, Salvar
o Fogo, ganhadora como Melhor
Romance Literário do Prêmio Jabuti de 2024. Fato que não me
surpreendeu, uma vez que Itamar já havia conquistado com seu romance de estreia
Torto Arado, nada menos que quatro
premiações: o primeiro Jabuti de sua
carreira (2020), além dos internacionais
Oceanos (20200, Leya (2018)
e Montluc Rèsistance et Liberté
(2024).
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Valdemir Martins
14.12.2024
Fotos: 1. Capa do livro; 2. Moleque brincando no rio Paraguaçu (BA); 3. Lateral do mosteiro da vila; 4. O rio e a floresta; 5. A irmã tutora Luzia lavando no rio; 6. As ruinas do mosteiro; 7. Torto Arado, o primeiro livro da trilogia; 8. O autor Itamar Vieira Junior.
6 de jan. de 2025
A eterna vida do falecido e incomparável Pedro Páramo.
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Valdemir Martins
21.11.2024
Obs: Após a leitura deste livro, recomendo assistir à minissérie do mesmo título na Netflix. Trata-se de outra obra prima, agora, cinematográfica.
Fotos: 1, Capa do livro; 2. A pequena cidade paterna; 3. O filho Juan Preciado: 4. O pai Pedro Páramo; 5. Personagens da obra; 6. o autor Juan Rulfo; 7. A excelente minissérie no Netflix.
18 de dez. de 2024
A Vegetariana brotou do nada e virou uma árvore.

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Valdemir Martins
17.11.204
Fotos: 1. Capa do livro; 2. Prato vegetariano; 3. O espancamento do pai; 4. O flagrante do marido; 5. A internação no sanatório; 6. Tornou-se uma árvore; 7. A autora Han Kang.
1 de dez. de 2024
2041 – Como a Inteligência Artificial vai Mudar sua Vida.
Lee foi vice-presidente da
poderosa Google chinesa e um dos principais desenvolvedores da Inteligência Artificial desde sua origem
há décadas, e Qiufan é um consagrado escritor de ficção científica moderno. A
união dessas duas competências, com profundo conhecimento de seus cabedais,
leva-nos a uma obra extremamente leve, fácil e útil para quem tem o interesse
e/ou a necessidade de conhecer essa tecnologia – principalmente os jovens -
sendo ou não da área de informática.
Sim, um novo mundo que daqui a
vinte anos mudará completamente a vida de todos e ensejará que as crianças de
hoje vivam num mundo real que para nós hoje não passa de ficção científica.
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Valdemir Martins
30.09.2024
Fotos: 1. Capa do livro; 2. Os canais de mídia; 3. A tecnologia do futuro; 4. Os contos peculiares deste livro; 5. A horta tecnológica; 6. A medicina e a cura via IA; 7. Os serviços domésticos automatizados; 8. O futuro da integração humana e tecnológica; 9. Kai-Fu Lee; 10. Chen Qiufan.
13 de nov. de 2024
Baumgartner, um escritor descrito por um arquiteto.
Há dias que tudo começa conturbado. Algo dá errado, um esquecimento, um acidente e o inesperado, e você prefere não ter levantado da cama, pois não consegue realizar aquilo que precisa. E esse é o primeiro dia do protagonista-título Baumgartner, em mais uma grande obra – e último romance - do consagrado escritor americano Paul Auster.
Dir-se-ia que trata-se de um romance sobre o azar, tamanha a intensidade de coisas erradas sequenciais que recepcionam o leitor, não fosse uma narrativa tremendamente humana, peculiaridade forte nos textos de Auster. Com todo seu talento, ele inicia a obra, por conseguinte, traçando as características atrapalhadas de um viúvo de setenta anos enfrentando imprevistos logo pela manhã.
Então, surge a personagem que o fará afastar-se de seu luto, sem, contudo, cessá-lo: uma segunda companheira de vida, como emblematicamente profetizara a parceira original. Mas, claro, mais um desastre. E num texto magnífico, de simbologia profunda, Auster leva nosso protagonista a retornar a seus textos. Ali, reflexivamente, ele entende ser prisioneiro de si próprio. E que a solidão esfacela sua estrutura, sua condição humana; sua vida. E, com toda a virilidade de um jovem, sente-se velho. E decide, apesar de tudo, libertar-se.
Simultaneamente, tem a percepção de leves sinais de senilidade, ou como prefere encarar, “o princípio do fim”. Doces recordações da infância com a irmã e a adolescência com os amigos, as passagens marcantes em transportes e as recordações históricas com a família, como filmes, projetam-se em sua mente. Chega ao extremo de ir conhecer a terra natal do avô, em mais uma deliciosa representação de Auster, numa provável incursão familiar autobiográfica, dentre outras tantas passagens deste livro. Tudo isso, numa extraordinária análise criativa e expositiva do amadurecimento e da velhice.
Sua escrita é limpa, criativa, musicalmente absorvível, apesar da objetividade. Leve, apesar das inúmeras tragédias e contratempos. E sempre desejosamente romântica. Usa a simbologia de forma precisa, forçando o leitor a reflexões soberbas sobre o protagonista, mas enlaçando-nos e propiciando-nos a possibilidade de refletirmos sobre nós mesmos. Sobre o próprio luto, o amor e a memória. Dentre tantos outros trechos extraordinários, a descrição das deambulações de seu pai para escrever uma carta, bem como o conteúdo da missiva, é uma dos mais exuberantes textos da literatura norte-americana moderna.
Escritor nova-iorquino típico, foi imensamente premiado na Europa – em especial na França -, o que lhe faltou absurdamente em seu próprio país.
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Valdemir Martins
22.09.2024
Fotos: 1. Capa do livro; 2. A queda na escada; 3. Os sinais da senilidade; 4. O mundo dos livros; 5. A nova companheira; 6. A emocionante carta do pai; 7. Auster em sua biblioteca; 8. O autor Paul Auster.