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14 de mar. de 2025

As simples emoções da Manhã e Noite.

Cometemos erros. E felizes são aqueles que os percebem e podem corrigi-los a tempo de salvar alguma coisa. Ao iniciar a leitura de “É a Ales”, um dos grandes sucessos de Jon Fosse, fiquei irritado (gratuitamente) com suas repetições da mesma frase que abandonei a leitura. E ao ler uma crítica em um site português ao seu recente lançamento, empolguei-me em ler este maravilhoso Manhã e Noite. Salvei, assim, uma ótima leitura que fez-me bem à sensibilidade e à alma.

Quem nunca leu – como eu - Jon Fosse, o escritor norueguês ganhador do Nobel de Literatura de 2023, vai inferir um trabalho diferenciado. Dinâmico, repetitivo como ênfase, e gerador de ansiedade e pleno suspense. É o que percebi ao iniciar a leitura de sua mais recente obra, Manhã e Noite. Um parto e as preocupações de um pai envolvem-nos imediatamente e passamos a fazer parte do texto.

Numa escrita solta, livre de regras e com ritmos difusos, Fosse pega o leitor pela mão e puxa-o para o texto para, juntos, participarem das emoções que ele está criando. Da ansiedade de um pai, salta para uma digressão sobre a dualidade do Bem e do Mal e a criação de um mundo que deveria ser bom. E numa avalanche de emoções entremeada de poesia e prosa, Fosse descreve os sentimentos da vivência do bebê ao nascer, uma experiência jamais narrada desta forma. Simplesmente envolvente e brilhante.

A seguir a leitura, o leitor provavelmente sentir-se-á incomodado com a escrita diferenciada do norueguês. Mas logo se acostumará e, tendo sensibilidade, perceberá a riqueza dessa forma de escrita. Não só nas repetições, como na narração do óbvio ou do detalhe desnecessário à primeira vista. Mas, o que ele está fazendo é demonstrar a cabeça do personagem; sua maneira de ser e pensar. E dessa forma magistral o leitor assimila o caráter do personagem.

Uma obra onde o místico Fosse, de forma poeticamente simples, traz-nos o significado da vida numa configuração de início e fim, utilizando magistralmente a realidade mágica mostrando como é maravilhoso viver. E insistir na vida e na convivência com pessoas que se ama.

Neste pequeno romance Fosse demonstra grandiosidade de maneira desconcertantemente simples. Um superlativo sobre como é o bom nascer e o bom morrer, como uma resplandecente manhã e uma magnífica noite.

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Valdemir Martins
03.02.2025

Fotos: 1. Capa do livro; 2. O parto ansioso; 3. O recém nascido; 4. O barco de pesca; 5. Falecido em casa; 6. O autor Jon Fosse.

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