Autores que partem do estranho para o coloquial é, mais uma
vez, a marcante característica de mais uma obra de ritmo alucinante da dupla
norte-americana Guillermo Del Toro e Chuck Hogan. Estou falando do livro As
Sombras do Mal: As Fitas de Blackwood (vol. 1), recém-lançado pela
Editora Intrínseca.
A criatividade superlativa de Del Toro – já demonstrada em O Labirinto do Fauno e A Forma da Água – somada ao suspense
consagrado de Hogan já nos brindaram com a fantástica Trilogia da Escuridão. Porém, nesta nova parceria para o que
pretende ser uma trilogia macabra, eles tentam nos arrebatar com o pífio enredo sobre
um ser maligno ancestral que vaga pela Terra desde o início dos tempos. Isso,
entrelaçado aos dramas pessoais de uma insegura agente do FBI.
Um ser etéreo maligno está à solta e pode assumir o corpo
de qualquer pessoa. Um gancho incrível para o desenvolvimento de situações
fortemente emocionantes e horripilantes. Mas, lamentavelmente, o tema é
explorado de forma branda, sem a força que um fato terrível como este pode
oferecer.
Por não ter grande abrangência dramática, limitando-se às
desgraças pessoais de três protagonistas, o texto patina e não comove. E a obra
é uma tremenda decepção. Uma história com fatos sempre previsíveis, muito, mas
muito diferente do sempre surpreendente enredo da Trilogia da Escuridão que tanto encantou quem se deleita com esse
tipo de histórias.
O que mais nos faz estranhar essa obra é o fato de ser
bastante perceptível a falta de contexto e conteúdo para ser um enredo
realmente empolgante. Parece até que os autores estavam com preguiça de pensar
e escrever, além de uma absoluta falta de criatividade. As situações são bastante
improváveis e as soluções patéticas. Um livro puramente comercial, sem valor
literário.
Lamentável para um autor, roteirista e diretor da grandeza e
do talento do premiado mexicano Guillermo Del Toro.
Se mudarmos o título do livro para “As sombras do Mau” seria mais
adequado. Nesta, Del Toro foi mau!
Valdemir Martins
18.02.2021
Fotos: 1. capa; 2. Mortos atacando vivos; 3. A caixa de correio de Manhattan; 4. Guillermo Del Toro
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