Consagrado como um dos grandes escritores estadunidenses do século XX, H. P. Lovecraft foi pioneiro em
fantasiar o horror, sendo O Chamado de Cthulhu – uma coletânea
de contos – considerada sua obra principal, fato que me levou à sua
leitura.
Apesar de ser apenas um texto comum na atualidade, em função da enormidade
de produções literárias de fantasia e horror a partir da segunda metade do
século passado, Lovecraft é imensamente criativo. Sua escrita chega a ser
surpreendente, se considerarmos que estudou apenas até o ensino médio. Mas,
teve em seu avô um grande incentivador de sua inata vocação, pois aos pródigos seis
anos criou suas primeiras poesias.
Os demônios, psicopatas, alienígenas e semideuses que prevalecem neste
livro – um deles, o Cthulhu do título – não nos levam propriamente ao horror,
mas causam-nos incômodo constante pela presença inerente do Mal. E é
deslumbrante como Lovecraft parte de situações sempre banais para descrições
horrendas, de forma progressiva e em ritmo crescente e até acelerado.
Monstros marinhos, possessões musicais, artistas demoníacos,
uma igreja de cultos satânicos, fantasmas, monstros espaciais e pessoas
depressivas fazem parte dos enredos cativantes para quem curte o gênero. São oito
textos totalmente diferentes, com enfoques distintos e em lugares díspares, com
uma narrativa de forte apelo visual. E a criatividade de Lovecraft é tão
contaminante que estimula o leitor aos mais fantásticos cenários e a supor os seres
mais horripilantes e gosmentos. Prova disso é a fabulosa quantidade de
criaturas e estruturas imaginadas por ilustradores quando se faz uma busca pela
internet. Vale à pena.
Deles, atraíram-me com especial anseio “O assombro das trevas” e “A
música de Erick Zann”, mas, como nos demais, ficou-me a frustração de finais
mais densos e comprometidos com a fantasia de terror. “O chamado de Cthulhu”, em especial, na minha
expectativa ficou devendo para sua fama. Os demais contos são Dagon, Ar Frio, O
que a Lua traz Consigo e O Modelo de Pickman.
Na verdade, o texto que acabei gostando muito foi o derradeiro “Carta a
R. Michel”, onde o autor, numa escrita
brilhante, conta a um amigo sua interessante e tumultuada biografia. Para quem
não curte o gênero, a obra vale para conhecer o autor e o porquê de sua fama.
Valdemir Martins
12.10.2021
Fotos: 1. Capa do livro; 2. A imagem do Cthulhu mais conhecida; 3. O castelo submarino do monstro ; 4. Uma ameaça à navegação; 5. H. P. Lovecraft.
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