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19 de ago. de 2017

A história essencial da grande celebridade musical

Afinal, o que é música para você? Talvez aquele som agradável, rítmico, cantado ou não, que o (a) faz dançar, cantar e lhe traz alegria, tristeza, recordações; ou então outro som harmonioso, gerado por um, poucos ou muitos instrumentos e/ou vozes, com características e variações técnicas que mexem com seu âmago, seus sentimentos, transmitindo-lhe as mais diversas sensações, como alegria, tristeza, suspense, flutuação, sonhos, uma história.

Seja música popular ou erudita, ambas são incrivelmente benéficas para nós. Mas apesar de a música erudita – que nos faz bem à alma – não ter a preferência da maioria, tem popularmente o nome destacado de compositores como Bach, Beethoven, Chopin e Mozart pelo fato de algumas de suas obras serem mais utilizadas midiaticamente em eventos, filmes, televisão e até em comerciais. Algumas até caíram no gosto popular, seja por sua beleza, seja pela repetição. Mas, excetuando-se os estudiosos, poucos sabem quem é ou o que representa o genial e brilhante maestro Liszt para a música de verdade.

Seja como for, para ler “Rapsódia Húngara”, do escritor húngaro Zsolt Harsányi, completamente ignorado por aqui, você vai precisar conhecer um pouquinho sobre música e, principalmente, gostar dos assuntos música clássica e história. Trata-se de um livro de rara beleza estética, pois nos insere numa reflexão a respeito da beleza sensível e do fenômeno artístico, assim como um fato filosófico, gerado por consagrados compositores do século XIX, época de ouro da música erudita. E, para não parecer radical, confesso que o livro pode ser lido também pelos que gostam de biografias, romances de amor ou simplesmente de história, mesmo sem embasamento musical. Aliás, este foi o livro favorito de Anne Frank em seu cativeiro, fato que me levou a lê-lo.

A obra leva-nos à biografia de Franz Liszt. E, como Liszt, seu autor era húngaro e, apesar de desconhecido no presente, criou um livro muito bem escrito, com grande valor literário e histórico. Harsányi ressuscita o grande músico, pintando-o com carinhosa naturalidade, fazendo-o viver com todas as suas humanas virtudes e fraquezas. Afinal Lizt foi um dos mais importantes compositores e singular virtuose do piano de todos os tempos. A vida de Liszt é um verdadeiro romance e Zsolt soube recriá-lo em toda sua pulsante realidade, como um psicólogo de arguta penetração.

Nascido em Raiding no interior da Hungria, em 1811, aos nove anos Liszt já dava seu primeiro concerto e tinha catorze apenas quando escreveu para a ópera um trabalho em um ato, “Dom Sancho ou O Castelo do Amor”.  Aos 11 anos, num concorrido concerto em Viena, foi aplaudido e cumprimentado pessoalmente pelo já veterano Beethoven. Católico fervoroso, cresceu, estudou, enriqueceu e evoluiu como artista e líder viajando toda por toda Europa. Como pouco viveu na Hungria, não sabia sua língua natal. Sua base de vida maior foi Paris, onde fez grande amizade com George Sand, Victor Hugo, Lamartine e, sobretudo, com os inseparáveis parceiros Chopin e Berlioz. Foi admirado e reverenciado por inúmeros músicos, pela nobreza européia e até por monarcas de diversas nações.
Em 1847 Liszt, convidado pelos soberanos alemães, aceitou o cargo de mestre de capela em Weimar, cidade de Goethe e de Schiller. Lá criou o poema sinfônico e escreveu considerável número de obras, entre as quais seus 14 poemas sinfônicos. Empregou toda a sua autoridade para tornar conhecidas as obras de Wagner, seu idólatra, cujo “Lohengrin” fez representar pela primeira vez. Wagner o venerava e Liszt apostava nele como um revolucionário da música, promovendo, apoiando e prestigiando-o sempre que possível.

Dentre sua principais obras estão 19 rapsódias húngaras, sendo que a Rapsódia nº 2 ( https://www.youtube.com/watch?v=goeOUTRy2es ), a mais tocada delas, tornou-se muito popular até como trilha sonora de desenhos animados. De suas magníficas peças para piano destaca-se a peça nº 3, conhecida como “Liebestraum”, a qual faz parte do repertório de aclamados pianistas de todos os tempos ( https://www.youtube.com/watch?v=KpOtuoHL45Y ).

Era um cobiçado homem bonito e não resistia a uma bela mulher. Casou-se não oficialmente com três delas, lindas e de forte personalidade. A música sempre o separou de seus filhos. E, Cósima, uma de suas filhas, casou-se atribuladamente com Wagner, dando-lhe, além dos netos, inúmeros aborrecimentos. Passou seus últimos anos entre Roma, Weimar e Budapeste, festejado como nunca o fora nenhum outro músico. Morreu em  Bayreuth, na Baviera, aos 74anos.

Não há, infelizmente, novas edições para este valioso livro. Apenas as editoras Globo (RS 1944) e Melhoramentos (Coleção Caminhos da Vida, volume 28, de 1954). E por incrível que pareça, vários exemplares podem ser encontrados no site Estante Virtual, a partir de – acredite – R$ 4,00. Se você gosta de música e de história, não perca esta chance.

Valdemir Martins

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