Tudo começa muito ameno. A tradicional e feliz família
norte-americana; o drink no bar com o velho amigo e, de repente, o terror.
Assim começa a intrincada ficção científica contemporânea da obra Matéria Escura, do roteirista
e escritor americano Blake Crouch,
festejado pela crítica principalmente por sua trilogia
Wayward
Pines, que foi adaptada para a série
de televisão pela Fox em 2015.
Uma obra breve, dinâmica, com fatos se sucedendo velozmente.
Quando terminar o primeiro quarto do livro Crouch conseguirá deixá-lo tão
confuso e atordoado quanto estará o protagonista. Mas aí será tarde. O livro o terá
engolido e você não conseguirá se livrar dele. Estará lendo compulsivamente,
sem vontade de largar, uma trama brilhante.

Neste momento em que é lançado o computador quântico, celeríssimo, que vai tornar os atuais PCs obsoletos, pois
usa a base teórica da mecânica
quântica - um território da ciência habitado por partículas subatômicas
-, nada mais
oportuno que ler esta obra. Este thriller, também célere e de muitas
reviravoltas, exige do leitor algum conhecimento científico. Trechos falam de
física quântica e multiespaço e não devemos nos intimidar se não entendermos o
que estamos lendo por que, a seguir, aos poucos o próprio enredo vai
esclarecendo todas as nossas dúvidas. E o livro volta à sua dinâmica. E, assim, o espaço-tempo passa a dirigir a
história, surpreendendo-nos a cada espaço de tempo.
Uma obra que nos faz refletir sobre os valores da vida,
conforme a personalidade de cada leitor. Cada indivíduo atribui valores
diferentes de outros às mesmas coisas, aos mesmos objetos e às mesmas situações
e circunstâncias. E são valores individualmente incontestáveis, dado que cada
um tem sua individualidade; sua forma de ver, interpretar e sentir. E assim,
cada um tem sua realidade, seu padrão, suas escolhas. Seu mundo.

A trama, de forma crescente, fica mais complicada para o
protagonista, tendo, permanentemente, de fazer escolhas. E aí, começam a
prevalecer seus valores morais e seu amor pela família, o que vai ajudá-lo em
suas grandes dificuldades. E aqui a obra nos revela forçosamente que reflitamos
sobre a importância de nossas escolhas, sempre. E sobre as escolhas que
fizemos: “Não posso deixar de pensar que somos mais do que a soma total de
nossas escolhas e que todos os caminhos que poderíamos
ter trilhado influem de algum modo na matemática de nossa identidade”, proclama
o protagonista.
Claro que o livro não é uma maravilha literária, pois sobram
pontas soltas ou ausentes. Mas cumpre sua função de fornecer conhecimentos e
entretenimento, e de nos fazer pensar e refletir. E, assim, encontrei o
encantador mundo da reflexão sobre minhas próprias escolhas. Seriam histórias
tão fascinantes e incríveis que eu poderia escrever um livro. O que talvez eu
faça.
Valdemir Martins
01.06.2021
Fotos: 1. capa; 2. Drink antes do terror; 3. Injetar para viajar; 4. Um ponto de chegada; 5. O autor Blake Crouch.
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