“A Sociedade Técnica reintroduziu o desprezo pelo ser humano. Hoje, o homem se limita à sua dimensão social... Talvez devêssemos partir. Já é tarde.
- Meu relógio parou – disse. - Pode me dizer a hora, pai?
- É a vigésima quinta hora!
- Não entendi – estranhou o filho.
- Acredito piamente em você. Ninguém quer entender. É a vigésima quinta hora. A hora da civilização europeia.”
(Época: período das atrocidades recorrentes do pós II Guerra Mundial.)
Por aqui, queriam eliminar a importante história das Guerras
Mundiais do currículo escolar. Na Europa, berço dessas beligerâncias,
aprende-se na escola. Sem reconhecer os fatos históricos desses períodos será
impossível conhecer o Homem pré-contemporâneo, responsável principal pelo que o
mundo é hoje. A ganância humana pelo poder e, para isso, o uso indiscriminado da
força, levou as tradicionais civilizações europeias ao caos. Sob múltiplas
justificativas - ameaça territorial e econômica, supramacia política, limpeza
étnica e religiosa, e ambições inúmeras – foram liberadas as bestialidades
humanas da inteligência e do corpo.
Impossível de se ensinar e de se demonstrar nas escolas a
selvageria humana que transcendeu as guerras. Nos livros didáticos, tudo cabe num
relato bastante simplificado e muito mais comportado do que numa descrição mais
detalhada dos fatos, assim, para não assustar as crianças ou os adolescentes.
Ou mesmo, para não incutir-lhes violência, segundo algumas correntes
pedagógicas.
Daí a importância de se ler e recomendar a leitura –
responsabilidade de pais e educadores - de obras de historiadores sérios e
mesmo alguns romances históricos baseados em pesquisas de fatos reais e
depoimentos de testemunhas. E esse, dentre tantos outros, é o caso do livro “A
25ª Hora”, do romeno Virgil Gheorghiu.
Escrito durante
seu cativeiro, quando
Gheorghiu foi preso pelas tropas norte-americanas no fim da Segunda Guerra Mundial, este livro narra a história de Iohan
Moritz, um camponês romeno que é equivocadamente denunciado como judeu por um
gendarme que lhe cobiça a esposa. E sua odisseia, a partir daí, é indescritível: trabalhos
forçados, prisioneiro, soldado, desertor, ferido, herói, prisioneiro,
prisioneiro... enfim, prisioneiro, condição que lhe é imposta sucessivamente
por vários governos, por vários domínios, por vários exércitos. Consegue
sobreviver graças à sua ingenuidade e à companhia de seu amigo intelectual
romeno Traian Koruga – o personagem escritor que deu o título ao livro.
Queira-se ou não, este é praticamente
um documento histórico. Ambientado num cenário sufocante, irrespirável, narra
as barbaridades humanas contra o meio ambiente e principalmente, contra a
própria humanidade e seus valores mais pessoais e íntimos. Mais do que em
qualquer aula de história, o “professor” Gheorghiu nos ensina sobre todas as
desavenças e as barbáries perpetradas em função da cobiça, da ambição política,
da conquista e da preservação do poder, da supremacia em todas as circunstâncias
e até da soberba e da saciedade sexual. Isso tudo, no período pós-guerra, tão
brutal e estúpido quanto ela própria, e pouco conhecido, pelo menos por aqui.
Especificamente, o autor nos apresenta a brutalidade e selvageria não dos
nazistas, mas dos bolcheviques russos, turbas de ferozes, cruéis e sanguinários
soldados do nordeste europeu.
O
O livro teve várias edições brasileiras por diversas editoras. A edição atual é da Intrínseca, detentora dos direitos de publicação.
Além de seu valor como documento
histórico impressionante, o livro nos traz a crítica do autor, às vezes até
utópica, mas correta e honesta em sua essência, no que diz respeito ao que ele
designa a "sociedade técnica ocidental", ou seja, num conceito mais
contemporâneo, a sociedade tecnológica ou pela tecnologia dominada como hoje, e
isso, surpreendentemente escrito na década de 1940.
“A 25 a hora” revela-se uma condenação não só do nazismo e do militarismo, como de todo tipo de totalitarismo, além da sociedade tecnológica. Um romance emocionante, com reflexões atuais e necessárias.
“O título do livro faz alusão a um momento onde todas as alternativas de socorro já não são mais possíveis, a última hora do dia já passou, não há mais nada que possa evitar a destruição do homem.” (Frase do prof. Elvis Fernandes – FAM).
“A 25 a hora” revela-se uma condenação não só do nazismo e do militarismo, como de todo tipo de totalitarismo, além da sociedade tecnológica. Um romance emocionante, com reflexões atuais e necessárias.
“O título do livro faz alusão a um momento onde todas as alternativas de socorro já não são mais possíveis, a última hora do dia já passou, não há mais nada que possa evitar a destruição do homem.” (Frase do prof. Elvis Fernandes – FAM).
Virou um filme clássico
Em 1967, o diretor turco, radicado na França, Henri
Verneuil, numa produção
ítalo/francesa/iugoslava, lança o filme A 25ª Hora (La vingt-cinquième heure), estrelado por nada menos que o fantástico Anthony Quinn,
como Johann Moritz, e pela belíssima e talentosa Virna Lisi, como sua esposa
Suzanna. Considerado hoje um clássico, o filme é referência às interpretações
soberbas de Anthony Quinn.
Se quiser, você pode baixar o filme gratuitamente: http://www.filmesclassicosraros.com.br/a-vigesima-quinta-hora/
Por Valdemir Martins, em 02/12/2016.
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Excelente o discorrer sobre História e sobre o livro que você recomenda. "... e mesmo alguns romances históricos baseados em pesquisas de fatos reais e depoimentos de testemunhas. E esse, dentre tantos outros, é o caso do livro “A 25ª Hora”, do romeno Virgil Gheorghiu."
ResponderExcluirBem, acredito que a História só expõe a verdade quando você a viveu, mesmo assim sujeita ao pensamento crítico pessoal. Como será a História dos séculos 20 e 21 contadas nos documentários, livros, etc. Serão serão parciais . Sendo assim, fatos dela a partir de depoimentos, fotos, vídeos são mais críveis para mim.
digito muito rápido. se não reviso dá uns erros. faltam pontos de interrogação e repetição de palavra acima. mas você vai perceber. rs
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