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11 de abr. de 2021

Waterloo: o triunfo da bestialidade humana

Após admirar o meticuloso trabalho de pesquisa histórica e de costumes da obra literária do competente e brilhante galês Ken Follett, deparo-me agora com outro incrível trabalho detalhista e preciso de pesquisa histórica de outro britânico: o livro Waterloo, do veterano londrino Bernard Cornwell. Este é seu primeiro trabalho de não ficção, publicado em 2014, tratando da batalha que derrotou, definitivamente para a história, o imperador francês Napoleão Bonaparte.

Afastando-nos da simplicidade inconclusa da publicidade do livro que diz “A história de quatro dias, três exércitos e três batalhas”, podemos destacar a complexidade dessa história real proporcionada por Cornwell, apresentando detalhes importantíssimos para se entender um momento histórico ímpar que culminou com a queda decisiva de um dos maiores gênios militar de todos os tempos: o persistente e inabalável Napoleão.

Reflexões estratégicas, imprevistos naturais e do acaso, dramas pessoais, glórias relembradas, o contragolpe de Bonaparte, dramáticas cenas da guerra com e sem batalhas, dentre outros contextos, dão corpo a um bem estruturado texto. O enredo é a própria espantosa história que a competente narrativa de Cornwell revive. O que mais impressiona, em destaque, são a prepotência e arrogância do líder francês e as intermitentes confusões de seus comandados ao não entender explicitamente suas ordens estratégicas.

Esses dois aspectos, predominantemente, aliados à competência, visão e experiência militar – somados a um pouquinho de sorte - do comandante inglês Arthur Colley Wellesley, o Duque de Wellington, além da fidelidade das tropas aliadas da Prússia (Alemanha), Nassau (Holanda) e Bélgica, conduzem quase duzentos mil homens a três renhidos e sangrentos combates campais, tornando-se das mais conhecidas e famosas batalhas da história da humanidade. E Cornwell, fiel à verdade, descreve-as impiedosamente e de forma crescente em detalhes que chocam e impressionam ao mais frio leitor.

Todas as guerras são cruéis. Mas estas batalhas descritas por Cornwell
apresentam-nos características que pouco conhecemos em outras guerras geralmente mostradas em filmes e livros e restritas às primeira e segunda guerras mundiais e às lutas de espadas e flechas de períodos mais antigos. Estas de Waterloo são diferentes devido à utilização basicamente de artilharia de canhões e obuses primários, com munições e técnicas extremamente destrutivas; a cavalaria com espadas e lanças e a infantaria em combates na maioria das vezes corpo a corpo, com sabres, baionetas e lanças e, contra a cavalaria, os mosquetes simultâneos. Imaginem as estratégias para a utilização de tal variedade de destrutivas armas nos momentos apropriados.

O autor utiliza-se de trechos de cartas e depoimentos de participantes de todos os lados desse evento bélico, até reproduzindo alguns trechos cruciais, o que traz bastante realismo e credibilidade à obra.

Após esta leitura, com certeza você irá refletir sobre a estupidez e a bestialidade humanas. Tudo foi real. Não se trata de um filme ou uma narrativa de ficção. A guerra sempre foi a atitude mais irracional e criminosa do ser humano e as batalhas de Waterloo, aqui brilhantemente retratada por Bernard Cornwell, bem atestam essa ignomínia que percorre e entremeia toda a história da humanidade.

Valdemir Martins

10.04.2021 

Fotos: 1. capa do livro; 2. Localização da batalha; 3. Napoleão ; 4. Duque Wellington; 5. Uso de canhões; 6. Batalha na cidade; 7. Bernard Cornwell.

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2 comentários:

  1. Excelente!!!!Quero segui-lo e não localizei o acesso. Como fazer?

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  2. Prezado, Agradeço o elogio e fico feliz que tenha gostado.
    Para me seguir basta clicar em "Seguir" no lado superior direito do blog. Muito obrigado! Valdemir

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