Após admirar o meticuloso trabalho de pesquisa histórica e de
costumes da obra literária do competente e brilhante galês Ken Follett, deparo-me agora com outro incrível trabalho detalhista
e preciso de pesquisa histórica de outro britânico: o livro Waterloo, do veterano londrino Bernard Cornwell. Este é seu primeiro trabalho
de não ficção, publicado em 2014, tratando da batalha que derrotou,
definitivamente para a história, o imperador francês Napoleão Bonaparte.
Afastando-nos da simplicidade inconclusa da publicidade do
livro que diz “A
história de quatro dias, três exércitos e três batalhas”, podemos destacar a
complexidade dessa história real proporcionada por Cornwell, apresentando
detalhes importantíssimos para se entender um momento histórico ímpar que
culminou com a queda decisiva de um dos maiores gênios militar de todos os
tempos: o persistente e inabalável Napoleão.
Reflexões estratégicas, imprevistos naturais e do acaso, dramas
pessoais, glórias relembradas, o contragolpe de Bonaparte, dramáticas cenas da
guerra com e sem batalhas, dentre outros contextos, dão corpo a um bem
estruturado texto. O enredo é a própria espantosa história que a competente
narrativa de Cornwell revive. O que mais impressiona, em destaque, são a
prepotência e arrogância do líder francês e as intermitentes confusões de seus
comandados ao não entender explicitamente suas ordens estratégicas.
Esses dois aspectos, predominantemente, aliados à
competência, visão e experiência militar – somados a um pouquinho de sorte - do
comandante inglês Arthur Colley Wellesley, o Duque de Wellington, além da
fidelidade das tropas aliadas da Prússia (Alemanha), Nassau (Holanda) e Bélgica,
conduzem quase duzentos mil homens a três renhidos e sangrentos combates
campais, tornando-se das mais conhecidas e famosas batalhas da história da
humanidade. E Cornwell, fiel à verdade, descreve-as impiedosamente e de forma
crescente em detalhes que chocam e impressionam ao mais frio leitor.
Todas as guerras são cruéis. Mas estas batalhas descritas por
Cornwell
apresentam-nos características que pouco conhecemos em outras guerras
geralmente mostradas em filmes e livros e restritas às primeira e segunda
guerras mundiais e às lutas de espadas e flechas de períodos mais antigos.
Estas de Waterloo são diferentes devido à utilização basicamente de artilharia
de canhões e obuses primários, com munições e técnicas extremamente destrutivas;
a cavalaria com espadas e lanças e a infantaria em combates na maioria das vezes
corpo a corpo, com sabres, baionetas e lanças e, contra a cavalaria, os
mosquetes simultâneos. Imaginem as estratégias para a utilização de tal
variedade de destrutivas armas nos momentos apropriados.
O autor utiliza-se de trechos de cartas e depoimentos de
participantes de todos os lados desse evento bélico, até reproduzindo alguns
trechos cruciais, o que traz bastante realismo e credibilidade à obra.
Após esta leitura, com certeza você irá refletir sobre a
estupidez e a bestialidade humanas. Tudo foi real. Não se trata de um filme ou
uma narrativa de ficção. A guerra sempre foi a atitude mais irracional e criminosa
do ser humano e as batalhas de Waterloo, aqui brilhantemente retratada por
Bernard Cornwell, bem atestam essa ignomínia que percorre e entremeia toda a
história da humanidade.
Valdemir Martins
10.04.2021
Fotos: 1. capa do livro; 2. Localização da batalha; 3. Napoleão ; 4. Duque Wellington; 5. Uso de canhões; 6. Batalha na cidade; 7. Bernard Cornwell.
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Excelente!!!!Quero segui-lo e não localizei o acesso. Como fazer?
ResponderExcluirPrezado, Agradeço o elogio e fico feliz que tenha gostado.
ResponderExcluirPara me seguir basta clicar em "Seguir" no lado superior direito do blog. Muito obrigado! Valdemir