Lembrando um pouco o livro O Nome da Rosa, claro, sem o eruditismo de Umberto Eco, este romance desenvolve-se também num ambiente claustrofobicamente eclesiástico e investigativo, mantendo um bom suspense e aquela consequente vontade de não parar a leitura. Com um bom ritmo, o texto flui na medida em que aumenta a ansiedade do leitor.
Aqui se descobre fatos pitorescos e pouco conhecidos do berço da religião católica, em especial sobre Jesus e seus discípulos, João Batista e a onipresente Maria Madalena, além de Leonardo da Vinci, os Dominicanos e os mecenas de obras sacras. A mixagem de elementos reais e ficcionais usada por Sierra de maneira tão estimulante e envolvente consegue conduzir o leitor como partícipe da trama.Acredito ser uma obra muito mais envolvente para quem aprecia e tem algum conhecimento de arte pictorial. A base de sua narrativa faz eclodir as inúmeras facetas e enigmas que envolvem não só a obra de Leonardo Da Vinci, mas especificamente o Cenacolo ou Santa Ceia, ou ainda A Última Ceia, como é conhecida sua polêmica obra prima, um afresco pintado numa parede do refeitório do convento da igreja de Santa Maria delle Grazie, em Milão.
O livro é narrado na primeira pessoa, pelo próprio protagonista, de forma bastante casual e informal, o que torna a leitura mais cativante. E não vejo uma forma de leitura de sucesso sem o acompanhamento constante de visualizações da pintura ao lado do livro, entendendo-se assim as interessantíssimas contendas sobre a obra.