Muitas vezes interpretativo beirado à perfeição, os diálogos transpiram autenticidade e expõem a exuberante realidade cabocla do retirante no sertão atroz e desumanamente infernal. Perturbadoras, chegam a ser emocionantes as cruas descrições do sofrimento dos retirantes ante a fome, a sede, o sol abrasador e, como consequência, a fraqueza e a moléstia: miséria e desespero.
A tanta desgraça involuntária soma-se a incomensurável dor de não se ter tino e tempo para cumprir ou sentir o luto. Para o retirante, a vida não lhe pertence, mas à caatinga e à misericórdia de quem pouco tem para compartilhar.
Diante de tanto sofrimento, Rachel não deixa de suavizar sua obra de estreia com romances dos personagens e com a inclusão de pessoas bondosas que se destacam ao ajudar os miseráveis.E assim, Rachel resgata as causas da fuga de sua família do Ceará para o Rio de Janeiro, em 1877, na maior seca que já assolou o nordeste brasileiro.
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Valdemir Martins
31.08.2023
Fotos: 1. capa do livro; 2. criança retirante; 3. acampamento de retirantes na grande seca de 1877; 4. Rachel aos dezenove anos.
Muito boa sua resenha!Parabéns!
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