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10 de abr. de 2024

Um Vulgar Copo de Cólera.

Decepção. Isso. Decepção foi o que encontrei ao ler Um Copo de Cólera do badalado escritor brasileiro Raduan Nassar. Como não conhecia seu trabalho e em função das críticas lidas sobre sua obra anterior Lavoura Arcaica, até então, esperava algo próximo de José Lins do Rego e até de Graciliano ou Euclides.

Aqui, num curto texto machista, simplório e às vezes vulgar, duma temática vazia e cotidiana, ele escreve tentando o estilo Saramago, de uma só braçada, sem parágrafos ou raros pontos finais, misturando linguagem corriqueira com palavras rebuscadas – como se usasse o Google para auxiliá-lo na troca de repetições – e, como ele próprio descreve “toda essa agressão discursiva já beirava exaustivamente a monotonia” quando cheguei ao primeiro terço do livro. Muito chato.

Como um “biscateiro graduado” – assim se intitula o protagonista – seu discurso segue prolixo e desinteressante, criticando e ridicularizando sua companheira (e seu casal de empregados), sem qualquer objetivo a não ser uma impactante potência verbal, seu único valor literário. Simplesmente um forte vomitar de palavras fortes, desinteressantes de leitura.

Este Copo de Cólera parece-me um texto descarregado do intelecto de um ex-estudante de universidade pública, sem qualquer experiência de vida e parece que se inspira nos detritos televisivos e nos seus docentes militantes de alguma coisa da moda. Sim escreve bem e tem estilo, mas falta-lhe conteúdo para erigir uma obra literária. Tem um texto prolixo e vazio, rico em tentativas “estilosas” de contrações insípidas de palavras.

Seu discurso lembra, às vezes, elucubrações oriundas de quem está em estado contemplativo, sob o efeito de algo ingerido. Não produto de inspiração poética, sentimental ou algo puro que se desprende da alma, ou mesmo de devotamento histórico como a crítica sugere sobre seu livro anterior.

Claro que ele não tem que escrever como eu gosto. Ele é Raduan Nassar. Tem quem elogie e goste, e respeito. Tem até quem o considere “um clássico de nossos tempos”. Eu, particularmente, detestei e espero que respeitem.

Vou ler Lavoura Arcaica para lavar a má impressão.

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Valdemir Martins

11.02.2024

Fotos: 1. Capa do livro; 2. Capa do Lavoura Arcaica; 3. Elogios aos Lavoura Arcaica; 4. Raduan Nassar.

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