Inverno
do Mundo
Com o título extremamente adequado ao contexto do
segundo livro da trilogia, Ken Follett mantém o ritmo de sua narrativa
colocando em cena os descendentes das cinco famílias como principais
protagonistas, ao lado de personagens históricas como Stalin, Churchill, Hitler,
Roosevelt, Patton, De Gaule e Mussolini entre outros.
Como consequência do Tratado de Versalhes que sacramentou o fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha – sucedida pela
República de Weimar – foi colocada como a grande perdedora e principal
responsável por todos os delitos cometidos no conflito e suas consequências
sociais, políticas e econômicas. A caracterização da nação dos kaisers como
grande vilã nesse drástico tratado de paz despertou tamanho ódio no ex-soldado
nacionalista e antissemita Adolf Hitler que o levou a fundar o partido nazista,
ascendendo ao poder na então nova Alemanha, como o Terceiro Reich, e a apenas
vinte anos da assinatura daquele tratado eclodiu a Segunda Guerra Mundial.
Agora envolvidos, além dos países do primeiro conflito armado, a Espanha, a
Itália e o Japão.
Todos os bastidores dessa tragédia maior da humanidade estão
ricamente detalhados por Follett em mais esta espetacular obra que entremeia a
ficção à história, como também os ícones históricos aos personagens ficcionais.
Fatos surpreendentes e pouco conhecidos como a atuação dos camisas negras
britânicos, leva-nos a reconhecer neles os radicais camisas pardas do nazismo. É
um livro em grande parte chocante – como o foi a própria realidade –, com muitos
trechos de tensão e suspense, abrandados pelas belíssimas passagens e dramas de
amor, de paixão e de comiseração. Os bondosos fictícios e reais felizmente são
maioria, contrastando com a grande quantidade de carrascos, como é sobejamente
conhecido por todos, os quais geram no livro, com frequência, sentimentos de
revolta e indignação nos leitores.
Follett não foge à sua talentosa escrita de espionagem
e a linha descritiva elegida por ele nos proporciona, a partir de 1933 até 1945,
conhecer detalhes sórdidos das tropas, milícias e polícias ideológicas, com
especial destaque para os requintes sádicos principalmente dos espanhóis, alemães
e russos nos diversos momentos de seus domínios em terras alheias e junto às
populações inocentes e indefesas, não importando a idade. Os dramas não
marcaram presença somente nos campos de batalha, mas igualmente nas cidades, com
grande profundidade e extensão. O Estado policialesco, coercitivo e repressor
era o proprietário de tudo.
Por outro lado, o autor bem demonstra a franca
recuperação dos Estados Unidos à depressão de 1929; o início da discreta
aceitação do homossexualismo; o desenvolvimento tecnológico alemão e americano
– sempre invejado pelos retrógrados bolcheviques soviéticos -; e a alegria das
produções cinematográficas dos judeus de Hollywood (E o vento levou... e os
musicais, por exemplo) e das performances das brilhantes orquestras, como a do
major da aeronáutica Glenn Miller.
Assim, deste devastador embate restou-nos a estimativa
de cerca de 47 milhões de pessoas mortas. Os soviéticos foram os que
mais tiveram baixas com cerca de 26 milhões de mortos. O Holocausto é o tenebroso título para o extermínio étnico
gratuito de seis milhões de indefesos civis judeus europeus de todas as idades
e sexo nas cidades e campos de concentração, número somente superado pelo
governo bolchevique de Stálin que consegui aniquilar onze milhões de camponeses
ucranianos em nome da mentirosa reforma agrária para sustentar a elite dominante
do comunismo russo.
A segunda guerra foi onde mais pessoas morreram em toda história da humanidade. Restou, então, um
mundo dividido em Ocidente dominado pelos americanos e Oriente com
predominância soviética, dando início à chamada Guerra Fria que marcou o
restante do século XX.
Valdemir Martins18/07/2018.
Veja o comentário sobre o tervceiro volume em https://contracapaladob.blogspot.com/2018/07/o-mundo-que-ainda-nao-terminou-3.html
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